Fabricante de cabos teme calote de até R$ 210 milhões



Fabricantes de fios e cabos de cobre afirmam que têm cerca de R$ 100 milhões para receber, de dívidas já vencidas, de empreiteiras que compraram seus produtos para fornecer à Petrobras. Quando consideradas também as encomendas ainda não entregues - prontas ou em fase de produção -, o valor devido pelos clientes da petrolífera à indústria local de fios e cabos chega a R$ 210 milhões, afirma Valdemir Romero, diretor executivo do Sindicel, entidade representa essas companhias.

O Sindicel protocolou, na quarta-feira da semana passada, ofício pedido uma reunião com a então presidente Graça Foster para tratar do assunto. O documento resume a situação do setor e pede a intervenção da Petrobras como garantidora dos pagamentos. Agora, Romero diz que fará o mesmo no início desta semana pedindo encontro urgente com o novo presidente da petrolífera, Aldemir Bendine, indicado pela presidente Dilma Rousseff e aprovado pelo conselho da companhia na sexta-feira.

O pedido foi feito em nome do Sindicel, representando o grupo das nove associadas que produzem cabos de cobre para o setor de óleo e gás no país: Prysmian, Belden, Cofiban, Conduspar, Cordeiro, General Cable, Induscabos, Nexans e Wirex.

O grupo quer que a Petrobras dê garantia de pagamento para afiançar a carteira de pedidos existente. Com isso, as empresas teriam garantia dos pagamentos e poderiam dar continuidade no fornecimento dos produtos. Executivos das companhias afirmam que a petrolífera ainda vai precisar que forneçam mais cabos de cobre para seus projetos em andamento. Geralmente, os cabos de condução de eletricidade entram nas fases finais de construção das plataformas ou refinarias.

Além disso, as empresas pedem que a Petrobras dê informações sobre seu plano de negócios e sobre seus investimentos previstos para os próximos anos. Com isso, poderão realinhar as suas previsões de investimentos.

As empresas afirmam que começaram a ter problemas com fluxos de pagamentos nos segundo semestre do ano passado. A Operação Lava-jato, em seguida, criou uma situação insustentável, já que alguns clientes interromperam os pagamentos.

"Há três semanas, quando fizemos o primeiro levantamento, eram R$ 70 milhões em dívidas já vencidas há 60 dias. Agora já são quase R$ 100 milhões", diz Romero. "Precisamos que alguém afiancie esse crédito, pois o setor de óleo e gás tem de continuar a operar." Segundo ele, o valor dos pedidos de produtos em fase de produção equivale a R$ 110 milhões. Somando as duas contas, as empresas estimam inadimplência de R$ 210 milhões das construtoras.

"Mesmo o valor referente às encomendas já impactou negativamente nosso fluxo de caixa", afirma Humberto Duplat Paiva, diretor de vendas da Prysmian e diretor do grupo de Óleo e Gás do Sindicel. Segundo ele, alguns produtos já estão prontos, mas não foram entregues porque clientes pediram para não receber. Em outros casos, a matéria-prima foi comprada e os produtos já estão em processo de produção nas fábricas.

Fabricantes afirmam ter feito investimentos pesados para atender à demanda da Petrobras por fios e cabos de cobre

A preocupação dos executivos é a de que suas empresas não sejam priorizados neste momento, dadas a difícil situação da Petrobras. "Gostaríamos que a Petrobras garantisse o pagamento. Nesse momento de quebra da confiança, é importante que ela garanta os fluxos de pagamentos para podermos saber como dar continuidade aos nossos negócios", diz Paiva.

Mauricio Zavatti, diretor-geral da Belden para a América Latina e também diretor de óleo e gás do Sindicel, diz que as companhias não conseguem redirecionar a produção para outros setores com facilidade, já que os cabos para óleo e gás têm especificidades e maior valor agregado que os usados em construção civil e energia elétrica, por exemplo. "A Petrobras nos dava suporte para investimentos nos últimos anos, e o setor de óleo e gás vinha puxando as vendas. Agora, não podemos parar", diz Zavatti.

Os fabricantes afirmam que fizeram pesados investimentos no país para atender a demanda da Petrobras por fios e cabos de cobre para a condução de energia tanto para refinarias, como para estaleiros, plataformas e outras instalações. Nos últimos anos, o setor investiu cerca de 9% de suas receitas em expansões de produção, o que significa cerca de R$ 300 milhões ao ano, segundo o Sindicel.

Embora os fios e cabos de cobre respondam por apenas cerca de 3% do custo das obras, o setor de óleo e gás é relevante para essas fabricantes de condutores elétricos. Segundo Romero, 35% das vendas são provenientes desse mercado. Considerando o faturamento de 2014, de R$ 9,5 bilhões, são R$ 3,3 bilhões, a maior parte referente às compras para os projetos da Petrobras.

Em 2015, os empresários esperam um ano "catastrófico", com forte queda de faturamento do segmento de condutores de energia em decorrência da redução da demanda do setor de óleo e gás. "A Petrobras vinha puxando a indústria de cabos nos últimos anos. Agora, o freio foi muito brusco", afirma Paiva.

Romero afirma que as empresas entendem as dificuldades que a Petrobras atravessa no momento e acreditam que a empresa resolverá suas pendências, mas diz que o setor de cobre não pode esperar a resolução de outras questões. "Precisamos recuperar os valores já comprometidos e precisamos de indicações para o futuro", diz Valdemir.

Os empresários acreditem na retomada dos investimentos em óleo e gás no Brasil no longo prazo, dada a importância do setor e a disponibilidade petróleo. No entanto, afirmam que é unanimidade entre as companhias do setor a urgência da questão, já que precisam de fluxo de caixa e sinalizações da Petrobras para definir seus próximos passos.


Fonte: Valor Econômico
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Varlei DisiutaVarlei Disiuta é graduado em Administração de Empresas, com Especialização em Marketing (pós-graduação). Atua na região Sul do Brasil e representa diferentes empresas mundiais, principalmente nos segmentos metalomecânico e plástico.

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