A exuberância acabou

Queda nas cotações do minério de ferro e do aço leva indústrias da região a buscar saídas como a diversificação dos negócios e a redução de margens

A crise de 2008 foi um divisor de águas para os setores de mineração e siderurgia, que até então viviam uma fase exuberante, com altos preços e boa rentabilidade. Os efeitos adversos dessa turbulência na economia mundial, como a redução do ritmo de crescimento de nações poderosas e o aumento do desemprego, resultaram em um excedente de 600 milhões de toneladas de aço no mundo, segundo a World Steel Association. “É o que as empresas deixam de produzir porque a demanda desacelerou”, afirma Pedro Galdi, analista-chefe de investimento da SLW Corretora. No setor siderúrgico, a taxa de utilização da capacidade instalada está em 75%, abaixo da média histórica de 87%. O consumo mundial de aço, que avançava 6% ao ano antes da crise, perdeu o fôlego. Em 2014, a demanda deverá aumentar apenas 3,1%, chegando a 1,527 bilhão de toneladas, abaixo do avanço de 3,6% registrado em 2013, segundo previsão da World Steel.

Esse ritmo de consumo é insuficiente para absorver o aumento da oferta, estimulado, até 2007, pelas cotações elevadas do aço. Produtora de 49% do aço do mundo, a China, que no final da década de 1980 produzia 38 milhões de toneladas de aço, produz hoje 650 milhões de toneladas. “O governo central chinês mantém um sistema de incentivo às províncias via crédito subsidiado – atrelado a indicadores de produção e geração de emprego – que, de certa forma, estimula as siderúrgicas a operarem mesmo com margens muito baixas”, explica Bruno Resende, analista da Tendências Consultoria. São esses fatores que explicam a queda das cotações. A bobina laminada a quente (aço plano), por exemplo, cotada a US$ 550 por tonelada em meados de junho, deverá recuar 4,5% em 2014, segundo a Tendências. Detalhe: em 2013, o preço do aço plano havia caído 5%, em média; e em 2012, 15%.
47,7 %dos embarques de minério de ferro da Vale vão para a China
As 10 maiores mineradoras
SUB RK 2013EMPRESAPAÍSFATURAMENTO EM 2013  (US$ MILHÕES)VARIAÇÃO NO FATURAMENTO EM 2013/2012 (%)LUCRO LÍQUIDO EM 2013 (US$ MILHÕESVARIAÇÃO NO LUCRO LÍQUIDO EM 2013/2012 (%)ROE EM 2013 (%)ROA EM 2013 (%)MARGEM DE LUCRO LÍQUIDO EM 2013 (%)RK 2013*
1VALEBRA43.323,5-3,049,1-99,00,10,00,15
2CODELCOCHI14.956,3-5,71.114,6-71,29,03,37,525
3GRUPO MÉXICOMÉX9.343,4-8,21.822,1-25,018,88,919,556
4ESCONDIDA1CHI7.538,0-14,6N.D.----68
5ANTOFAGASTA PLCCHI5.971,6-11,4N.D.----90
6INDUSTRIAS PEÑOLESMÉX5.086,3-32,2363,8-53,011,35,27,2112
7CODELCO DIV. EL TENIENTECHI3.502,4-0,3378,8-15,1-7,510,8165
8MINERA ANTAMINAPER3.392,0-11,3N.D.----169
9LOS PELAMBRES1CHI3.126,0-12,0N.D.----188
10SAMARCO MINERAÇÃOBRA3.075,4-4,01.166,0-10,072,718,237,9191
1Estimativa AméricaEconomía Intelligence | N.D.: Não divulgado | *Posição no ranking geral | 2Estimativa mídia


O que mudou recentemente para as companhias siderúrgicas é que, depois de fortes altas, os preços dos insumos para a produção de aço – minério de ferro e carvão – diminuíram. “Há uma expansão forte de extração de minério de ferro no mundo”, ressalta Marco Laes, economista da LCA Consultores. Segundo ele, a cotação do minério de ferro, que oscilava entre US$ 130 e US$ 140 por tonelada em 2013, baixou para US$ 90,8– no início deste ano e, em junho, estava em US$ 94 por tonelada. “Os preços de US$ 90 a US$ 100 por tonelada são uma realidade que veio para ficar”, diz.

No Brasil, diante do desempenho tímido da economia, as dificuldades -atuais se concentram no aço plano, aplicado nos bens de consumo duráveis. “A situação é complicada diante da falta de investimentos nas indústrias, do risco de desemprego, da piora da renda das famílias e do aumento do nível de endividamento”, diz Pedro Galdi, analista da SLW. E, ao se considerar o excesso de capacidade produtiva global, não há muito espaço para exportações. Para o aço longo, as condições são melhores por causa da construção civil e das obras de infraestrutura, que seguem com mais vigor no Brasil e também na China.

Apesar da desaceleração nas atividades econômicas, as siderúrgicas começam a melhorar seu desempenho. Entre as 20 maiores companhias siderúrgicas, a média das margens operacionais em 22 anos foi de 12,6%, segundo um levantamento da Tendências. No ano passado, as margens ficaram abaixo desse patamar, mas apontavam certa evolução. No primeiro trimestre, a margem operacional média foi de 7,9% e, no quatro trimestre, atingiu 9,2%. A Gerdau, única empresa brasileira dessa relação, apresentou margem de 11,9% no final de 2013, ainda que abaixo de seus níveis históricos. “Mas não é só a Gerdau. Todas as siderúrgicas brasileiras tiveram margens superiores à média internacional no ano passado por causa da desvalorização cambial”, explica o analista Bruno Resende.

Uma das líderes da América Latina e segunda colocada no ranking das 500 maiores companhias da região, a Gerdau tem como meta ser autossuficiente na produção de minério de ferro e, futuramente, colocar volumes do insumo no mercado internacional. “Essa é a saída encontrada por diversas siderúrgicas para mitigar riscos de volatilidade dos preços, uma forma de diversificar as atividades dentro da mesma cadeia”, avalia Resende, da Tendências. Além disso, a Gerdau entrou no segmento de aços planos, ampliando seu escopo. “Em 2014, a companhia segue trabalhando no aprimoramento da eficiência operacional, na otimização do capital de giro e na evolução do perfil de endividamento, buscando a melhora dos resultados”, segundo um informe da área de relações com os investidores da Gerdau. A receita líquida da companhia no ano passado foi de R$ 39,9 bilhões, 5% maior do que em 2012. No mercado brasileiro, o valor das vendas aumentou 7,2% em 2013 e as exportações declinaram 20,6%. As operações externas que mantém em paí-ses da América Latina tiveram aumento nas receitas de 8,1% no ano passado. Já na América do Norte as vendas se mantiveram praticamente no mesmo patamar de 2012.


As 10 maiores siderúrgicas
SUB RK 2013EMPRESAPAÍSFATURAMENTO EM 2013 (US$ MILHÕES)VARIAÇÃO NO FATURAMENTO EM 2013/2012 (%)LUCRO LÍQUIDO EM 2013 (US$ MILHÕES)VARIAÇÃO NO LUCRO LÍQUIDO EM 2013/2012 (%)ROE EM 2013 (%)ROA EM 2013 (%)MARGEM DE LUCRO LÍQUIDO EM 2013 (%)RK 2013*
1TECHINTARG25.378,0-0,4N.D.----12
2GERDAUBRA17.016,6-8,4676,0-3,15,22,74,021
3TENARISARG10.596,8-2,21.551,4-8,712,69,714,648
4TERNIUMARG8.530,0-0,9592,9210,69,45,77,061
5ORGANIZACIÓN TECHINT MÉXICO2MÉX7.860,9-0,6N.D.----66
6CSN – CIA. SIDERÚRGICA NACIONALBRA7.390,3-0,8217,3205,76,31,02,971
7GRUPO ARCELOR MITTALBRA7.098,7-7,6162,1137,72,61,32,374
8USIMINASBRA5.476,4-12,0-60,580,7-0,8-0,5-1,1101
9TERNIUM MÉXICO2MÉX4.826,88,3239,9-42,610,74,55,0120
10GERDAU AÇOS LONGOSBRA4.477,411,1459,029,311,47,410,3124



Vale em destaque
No setor de mineração, a Vale, líder mundial de produção de minério de ferro, mantém neste ano a quinta colocação no ranking das maiores da região. Seu custo de produção, de US$ 25 por tonelada, representa um quarto do que as mineradoras chinesas gastam, o que assegura bons lucros à empresa, apesar da tendência de queda do preço da commodity no mercado internacional. Com receita de US$ 43,3 bilhões em 2013, pouco acima da obtida em 2012, registrou lucro de US$ 12,3 bilhões em 2013. Considerando o pagamento da dívida com o governo federal (Refis), o lucro cai para US$ 49,1 milhões.

Os principais clientes da Vale são os mercados asiáticos. No ano passado, a China respondeu por 47,7% dos embarques de minério de ferro e pelotas; e o Japão, por 10,2%. A companhia está realizando uma série de investimentos e os maiores estão na Região Norte do país. O maior projeto é o S11D, Projeto Ferro Carajás, que terá aporte total de US$ 19,67 bilhões e deverá entrar em operação em 2016.

No setor de mineração, outro destaque no ranking das maiores empresas de AméricaEconomia é a Codelco (Corporación Nacional del Cobre), empresa estatal chilena de mineração, a maior produtora de cobre do mundo. Apesar da desaceleração do consumo mundial de cobre, a oferta global do metal não se expandiu com força nos últimos anos. A Codelco mantém seu espaço e obtém bons resultados. “Os preços estão bons e os produtores obtêm altas margens”, avalia o economista Marco Laes, da LCA Consultores. O cobre é muito versátil, utilizado em diversos produtos, inclusive o consumo do metal funciona como bom indicador da atividade industrial. O Chile conta com um fundo soberano para o -país aproveitar a exploração da commodity, um mecanismo anticíclico. “O modelo é muito interessante. Esse fundo serve para contrabalançar a economia chilena nos momentos de crise”, diz Laes.
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Varlei DisiutaVarlei Disiuta é graduado em Administração de Empresas, com Especialização em Marketing (pós-graduação). Atua na região Sul do Brasil e representa diferentes empresas mundiais, principalmente nos segmentos metalomecânico e plástico.

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