O cobre que vale ouro



Quando se fala da Paranapanema, maior produtora de cobre refinado do País, é preciso dividir a narrativa em duas partes bem definidas. A primeira, iniciada em 1961, quando foi fundada pela dupla de empreendedores Octávio Lacombe e José Carlos de Araújo, conhecido como Zé Milionário, durou até o fim dos anos 1990. Foi um período de fastio e glória. Dona de importantes jazidas da matéria-prima do estanho, a cassiterita (a mina de Pitinga, no Amazonas, era a maior do mundo, à época), a companhia se transformou em uma das queridinhas da bolsa de valores, ao lado da Vale e da Petrobras.

Acossada por problemas de gestão, especulação com ações e queda nas cotações internacionais do estanho, quase quebrou em 2002. Salvou-se pela recuperação judicial, processo que durou até 2010. A nova Paranapanema reúne, além do espólio da empresa original de Lacombe e Zé Milionário, ativos da Laminação Nacional de Metais e da mineradora de cobre Caraíba Metais, que pertencera ao lendário playboy Francisco “Baby” Pignatari, e da Eluma, transformadora de fios e cabos, da família do empresário Luís Eduardo Campeloaté. Atualmente, é controlada pelos fundos de pensão estatais Previ e Petros e pela Caixa Econômica Federal, que detêm 53% do seu capital.

Fechou 2014 com vendas de R$ 4,7 bilhões e lucro líquido de R$ 123,9 milhões, revertendo um prejuízo de R$ 225 milhões acumulado até então. “A empresa possuía uma visão estratégica, mas faltava transformar seu parque produtivo em uma máquina de ganhar dinheiro”, afirma Christophe Malik Akli, 52 anos, CEO da Paranapanema. Para dar cabo da tarefa, o executivo adotou uma rotina espartana. Começou cortando seus próprios privilégios ao dispensar, assim que ingressou na empresa, em setembro de 2013, o carro e o motorista que serviam a presidência.

Com isso, passou a percorrer de trem e de metrô o trajeto entre sua casa, nos Jardins, bairro nobre da zona Oeste de São Paulo, até a fábrica, situada no bairro em Utinga, em Santo André, município da região do ABC. Também fez mudanças nos postos-chave de média e alta gerência. Valorizou a prata da casa, com a promoção de funcionários antigos, e recrutou alguns outros no mercado. O receituário amargo incluiu também cortes de pessoal. Foram 260 demissões resultantes do fechamento da unidade de Capuava, outro bairro de Santo André, cujas linhas de produção foram transferidas para a matriz.

É certo que boa parte dessas medidas já estavam previstas no plano batizado de Paranapanema 2018 (PMA 2018). Mas nem por isso o processo foi menos complicado. “Tem de fazer o dever de casa todos os dias, não pode ter preguiça”, diz o CEO da Paranapanema. O mercado, contudo, quer mais. “Akli foi um bom cirurgião em matéria de cortes”, afirma Artur Lonask, analista do setor de siderurgia da Fator Corretora. “Mas para que a Paranapanema recupere seu prestígio aos olhos do mercado será preciso aumentar o grau de eficiência e entregar resultados por um período mais longo.” Akli diz estar consciente dessa demanda. Tanto que pretende intensificar ainda mais os ajustes internos.

É que em se tratando de um setor no qual o preço do principal insumo é definido na Bolsa de Metais de Londres (LME, da sigla em inglês) só lhe resta cuidar do que acontece do portão para dentro. “Eu vivo em estado de alerta contínuo”, diz Akli. “Mas aqui não temos medo dos concorrentes, quer sejam eles chineses ou alemães.” O principal acerto da gestão do executivo argelino foi em relação às margens de ganho. O processo foi influenciado por um corte de 15% nas despesas gerais recorrentes e 5% no custo de transformação do cobre, a principal atividade da empresa. Pelo lado dos ganhos, a estratégia desenhada por Akli teve como foco o fortalecimento das vendas de produtos acabados e semi-acabados.

Hoje, o portfólio da Paranapanema inclui desde placas de cobre (catodo), até tubos, bobinas, vergalhões e fios, usados como insumo em um gigantesco número de segmentos. Do setor elétrico à construção civil. Para manter a clientela e ampliar as margens ele aposta em produtos sob medida para cada segmento. Para 2015, sua ambição é extrair ainda mais valor do parque industrial de cobre, além de intensificar o trabalho em outras divisões, como a unidade da Bahia, onde produz Catodo (placas de cobre primário) e ácido sulfúrico, insumo resultante do processamento do metal. A filial está passando por um processo de modernização que deverá consumir R$ 100 milhões. No total serão aplicados R$ 190 milhões neste ano.

“Somos obrigados a investir pelo menos R$ 120 milhões por ano para manter nosso parque atualizado”, afirma Evandro Schmidt Pause, gerente de projetos e inovação da Paranapanema. Nascido na Argélia, Akli passou parte de sua vida entre a França e o Brasil. Graduou-se em agronomia e se especializou em bioquímica. Graças a um programa de intercâmbio do governo francês, desembarcou em Recife em 1986, para trabalhar na SUDENE. Voltou para a Europa e retornou ao Brasil em 1993, onde comandou subsidiárias de gigantes francesas como a Vivendi e a Biosev. Isso explica seu desembaraço ao falar português, ao contrário de muitos expatriados. “O sotaque deles faz parte do charme”, diz.

Fonte: IstoÉ
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Varlei DisiutaVarlei Disiuta é graduado em Administração de Empresas, com Especialização em Marketing (pós-graduação). Atua na região Sul do Brasil e representa diferentes empresas mundiais, principalmente nos segmentos metalomecânico e plástico.

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