A busca pelo dinheiro, aparentemente fácil, foi uma das motivações para a “Febre do Ouro”, em Mato Grosso. A corrida pelo minério, em Pontes e Lacerda (448 km a Oeste de Cuiabá), teria começado em 12 de outubro de 2015, em uma região conhecida como Serra da Borda. Na época, cerca de 600 pessoas invadiram a área, após a divulgação de que uma grande quantidade de ouro fora encontrada no local.
A disseminação de fotos e vídeos nas redes sociais, muitos deles frutos de montagens falsas, colaborou para intensificar a invasão, que chegou a receber mais de cinco mil pessoas. Aventureiros acorreram de outros estados do Brasil ou até mesmo de outros países, em busca do ouro que, conforme afirmavam, era abundante na região. As pessoas que chegavam ao garimpo ilegal acreditava que ali estava a oportunidade para melhorar de vida.
Porém, a prática da extração de ouro na região, sem autorização do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), foi considerada crime pelo Ministério Público Federal (MPF). O MPF determinou que todo o minério apreendido na região fosse recolhido e a prática de compra ou venda do mesmo deveria se configurar como crime. Em 16 de outubro, a Justiça Federal determinou o encerramento imediato de todas as atividades de extração de ouro na área.
Porém, o sonho de muitos começou a ruir quando uma decisão do juiz federal Francisco Antônio de Moura Júnior, da 1ª Vara da Subseção de Cáceres, proferida em 19 de outubro, determinou a completa desocupação do lugar. O magistrado considerou necessária a aplicação do poder geral de cautela que compete ao juiz, a fim de “evitar o prolongamento dos danos ambientais, cessar a atividade ilegal perpetrada, e, principalmente, retomar a segurança local e regional”.
O local foi esvaziado durante a operação “Terra do Nunca”, da Polícia Federal, que desocupou a área no dia 10 de novembro. Após o local ser completamente esvaziado, garimpeiros retornaram à região no final do ano. Em 15 de dezembro, a estimativa era de que mais de duas mil pessoas haviam retornado à região.
No dia 13 de dezembro, um homem que estava no garimpo ilegal morreu após ser linchado, depois de ter atirado acidentalmente em um adolescente, que também morreu. Em 15 de dezembro, duas pessoas foram presas em flagrante com 60 itens de material explosivo, 100 espoletas de detonador e um cordel de explosivos. Os objetos teriam sido adquiridos na Bolívia, para a extração de ouro. Os ocupantes que chegaram ao garimpo, após a desocupação total do lugar, permanecem na região.
Retorno dos garimpeiros
De acordo com uma Ação Civil Pública do MPF e do Ministério Público Estadual (MPE), a manutenção das forças de segurança, após a completa desocupação do local, foi mantida pelo prazo de apenas dez dias. Depois deste período, as forças de segurança não teriam apresentado cronograma maior, sob a justificativa de falta de efetivo. O Governo do Estado alega que solicitou à Presidência da República e ao ministro da Justiça o apoio da Força Nacional.
Porém, a Ação Civil Pública dos MPE e do MPF relata que não houve nenhuma manifestação ou envio de força policial à área. Cerca de duas mil pessoas teriam retornado à região, de acordo com a Justiça. O aumento da violência foi um dos itens citados na Ação Civil Pública, que foi acatada pela juíza federal Ana Lya Ferraz da Gama Ferreira, que determinou a desocupação total da área em um prazo de 30 dias.
A magistrada decidiu que o governador Pedro Taques (PSDB) e a presidente Dilma Rousseff (PT) devem apresentar e cumpram um plano para a desocupação e isolamento da região. Ana Lya Ferraz da Gama Ferreira determinou a apresentação do plano em 15 dias e mais 15 para o cumprimento. As ações de desocupação total do garimpo deverão ser cumpridas no início deste ano.
Fonte: Midia News