Liberação de arsênio de mineradora de Paracatu, MG, é tema de audiência

arsênio, arsénio ou arsênico é um semimetal


Moradores de Paracatu, no Noroeste de Minas, estão preocupados com uma possível contaminação por causa da exploração do ouro na cidade. Segundo eles, muita gente tem adoecido por causa do arsênio, um metal pesado liberado no processo de mineração.

As consequências dele no organismo levantou até um debate entre cientistas do Brasil e do mundo. Para alguns, os efeitos no metal liberado na mineração em Paracatu é responsável por casos de câncer na cidade. Outros dizem que a concentração do produto é baixa e não causa risco à saúde. A mineradora também fala do assunto e até uma audiência pública será realizada nesta quarta-feira (29) na cidade.

A equipe do MGTV esteve no município. Segundo a reportagem, já da BR-040 dava para ver a mudança na paisagem da cidade. Há 20 anos uma mesma empresa explora a mineração e a economia acaba girando nas rochas da cidade do ouro, como é conhecida, por contar com a maior mina do mundo a céu aberto. Em 2007, a empresa iniciou um projeto para elevar a capacidade de produção da mina.

Com a possibilidade de expansão, a mineradora criou mais espaço para a exploração de ouro. O problema é que, o que ficava a quilômetros de distância praticamente chegou aos quintais das casas de um bairro na periferia da cidade. Todos os dias, segundo os moradores, por volta das 15h há a detonação de minério. Além do barulho, segundo eles, o vento leva poeira e algumas casas não estariam resistindo a trepidação do solo.

O aposentado José Marques contou das rachaduras nas paredes da sala, da cozinha e do quarto. De acordo com ele, o imóvel está há 130 metros de distância da exploração. “Dizem que isso contamina e eu acredito. Eu mesmo já tive problema de saúde e faço tratamento em Brasília”, afirmou.

Francisco e Elza lutam juntos contra o câncer e tem medo do cênario afetar ainda mais a doença. “Nunca ouvimos falar de tanto caso de câncer na cidade. Essa poeira não faz bem”, disse. Por ano, são retiradas e processadas cerca de 60 milhões de toneladas da mineradora. O geólogo Márcio José dos Santos, que mora em Paracatu há 26 anos, contou que o problema está no arsênio, que é liberado durante este processo. Para se chegar a 1 grama de ouro, são liberados até 7 quilos de arsênio, que é altamente tóxico.

Por meio de nota, a Prefeitura reforçou que a questão do arsênio é um dos assuntos pelos quais a administração de Paracatu tem o compromisso de acompanhar de perto, com transparência e responsabilidade.

Efeitos
Um dos principais críticos e estudiosos do caso é o médico do Departamento de Oncologia Médica do Hospital da Universidade de Berna, na Suíça, Sérgio Ulhoa Dani. A reportagem conversou com ele pela internet. Os trabalhos do médico começaram em 2007 e tratavam da contaminação por arsênio e a intoxicação crônica da população.

Segundo ele, a população de Paracatu está exposta 24 horas por dia, 365 dias por ano e isso é mais do que suficiente para caracterizar uma intoxicação crônica. “Tem pessoas que vivem a vida inteira em Paracatu, e desde 1987, quando começou a mineração, estão expostas a poeira da mineração. Então é uma exposição crônica ao longo de décadas e isso é muito grave”, disse.

Ainda de acordo com o estudioso, todo cidadão da cidade tem o direito de ser examinado. “Eles não são culpados de serem intoxicados e mortos cronicamente. Eles têm o direito de serem examinados e o diagnóstico é um diagnóstico feito por médicos, não por biólogos. Todos aqueles indivíduos que tiverem sinais de intoxicação crônica por arsênio, ou seja, arsênicos e devem ser tratados e devem ser monitorados através de exames clínicos laboratoriais pelo resto da vida, porque o arsênio não sai do corpo”, relatou.

Sérgio acrescentou que estas pessoas ainda têm o direito de serem indenizadas. “O que a mineradora gera de dinheiro para a cidade representa, talvez, nem um centésimo do prejuízo que ela está causando”, opinou.

Contaminação
O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, Luiz Adelmo, confirmou o poder de contaminação do arsênio. Ele ressaltou que, embora o composto faça bem em doses mínimas, é extremamente venenoso acima de determinadas concentrações.

Segundo ele, o arsênio não só é capaz de se dissipar pelo ar, mas é capaz de contaminar o lençol freático. “Tem que ser feitos estudos muito minuciosos, muito rigorosos para que se possa fazer ou não uma relação de causa e efeito da existência de um processo industrial aonde o arsênio é um sub produto de uma maior incidência de algum tipo de tumor naquela população. Se não você vai ter opiniões que não são as mais adequadas para um problema sério como este”, afirmou.

Pesquisas
O Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, realizou uma pesquisa encomendada pela Prefeitura de Paracatu. Os estudos foram entre março de 2011 e dezembro de 2013.

No relatório de 78 páginas, o Cetem concluiu que as concentrações de arsênio nas águas de abastecimento doméstico e no ar podem ser consideradas baixas. Exames em amostras de sangue, urina e cabelo, também revelaram, segundo o órgão, teores menores ou iguais a níveis considerados referenciais de normalidade ou até de populações não expostas, em vários países.

O Cetem também não encontrou índices que mostram taxas de mortalidade por tipos de câncer com associação à exposição ao arsênio.

Um professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA) coordenou um estudo independente sobre a suposta contaminação do ar por arsênio na cidade e também concluiu que os níveis do metal pesado no ambiente não são suficientes para causar danos à saúde da população.

Como tudo acontece
Diante das dúvidas da população, a produção do MGTV também entrou em contato com os representantes da empresa e acompanhou de perto os trabalhos. Na mineradora, primeiro é feita a escolha do local de acordo com o teor de ouro. Depois há o desmonte da rocha que segue para o processo de beneficiamento.

De acordo com a gerente de comunicação e relacionamento com a comunidade, Ana Cunha, apesar de o trabalho gerar impacto visual “não tão bonito”, não há riscos de contaminação à população. “Não há nenhum tipo de relação entre qualquer doença em Paracatu, qualquer risco de saúde relacionado à atividade mineral na cidade. Este é um resultado apresentado pelo Cetem nos seus estudos e é um resultado que corrobora os nossos estudos, que são feitos também em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)”, ressaltou.

A gerente ainda ressaltou que há um trabalho junto com a comunidade para diminuir esta preocupação de uma possível intoxicação. “Nós temos fóruns mensais, reuniões onde discutimos todas as questões ligadas aos nossos monitoramentos e, além disso, temos um programa de monitoramento ambiental onde a comunidade participa. As lideranças locais indicam 20 pessoas das comunidades, que são treinadas e passam a acompanhar por seis meses os nossos monitoramentos”, comentou.

Ana Cunha ainda disse que a empresa não entende que há uma desinformação. O que tem é a disseminação de algumas inverdades.

Audiência
É realizada nesta quarta-feira (29) uma audiência para tratar do assunto em Paracatu. O objetivo é esclarecer informações sobre um estudo feito pelo professor da Universidade Federal de Lavras. No estudo, ele apresenta possíveis riscos de contaminação e fala das distorções divulgadas a respeito do assunto. Este é um momento para tranquilizar a população. O encontro ocorre na Câmara Municipal.

Fonte: G1
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Varlei DisiutaVarlei Disiuta é graduado em Administração de Empresas, com Especialização em Marketing (pós-graduação). Atua na região Sul do Brasil e representa diferentes empresas mundiais, principalmente nos segmentos metalomecânico e plástico.

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